sábado, 21 de agosto de 2010

A COMPETIÇÃO


Há quem diga que a competição é algo inerente ao ser humano. Há quem defenda a tese de que a competição é algo necessário e saudável. Há os que afirmam que ela é o combustível que alimenta a vida e dá sentido a própria existência. E há ainda os que dizem que a competição é a chave capaz de acessar a motivação que impulsiona a raça humana rumo à perfeição.
São incontáveis as frases de efeitos que foram construídas ao longo da história da humanidade, referindo-se ao universo das competições. Mas o que significa a competição na perspectiva de uma seleção que exclui? Qual a visão da competição sob a ótica daqueles que não possuem os pré-requisitos intelectuais, estéticos e anatômicos capazes de levá-los ao pódio? Como fica a cabeça daqueles que não se encaixam em nenhum parâmetro especificado pelos organizadores desses eventos nacionais e internacionais, que endeusam a força, a perícia e a beleza? Como fica a cabeça daqueles que nascem com paralisia cerebral, tetraplegia e tantas outras doenças degenerativas?
Nesse universo competitivo em que vivemos, os seres humanos em nada diferem de alguns animais irracionais. Algumas aves recém- nascidas, sem penas e mal abrindo os olhos, derrubam seus irmãos dos ninhos, competindo pelo alimento. Mamíferos, que sob condições normais alimentavam-se apenas de vegetais, competindo pelo alimento escasso, chegam a praticar o canibalismo. Em ambientes de trabalho é comum vermos cidadãos e cidadãs “puxando os tapetes” uns dos outros, competindo por um cargo ou pelo reconhecimento dos seus superiores. É muito comum também vermos pessoas “vibrando” (em festa) quando vence uma causa na justiça, uma competição dentro da empresa, ou em qualquer outra esfera da vida. Por outro lado, quem ainda não viu alguém chorando por ter sido “derrotado” numa dessas “batalhas”?
Então, eu sou contra a competição? Não. Eu defendo a competição quando o adversário não é considerado um inimigo; quando o adversário representa apenas nossas próprias limitações; isto é, o adversário, assim como a “derrota” e a “vitória” são a extensão de nós mesmos. Porque eu entendo que nós somos tudo o que vivenciamos, e nenhuma história é escrita apenas com vitórias.
Não quero fazer nenhuma apologia a derrota, mas todos nós sabemos que os verdadeiros grandes homens admitem que foi exatamente nos fracassos que construíram as bases do sucesso duradouro.
Para finalizar eu digo que a vitória só faz algum sentido, se a luta foi travada dentro de um rígido código de ética e moral, e que todos os adversários devem ser respeitados e reconhecidos como colaboradores na construção da base da pirâmide do sucesso.

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