O Karatê que nós praticamos é
da escola Shotokan. Esta arte marcial, a mais difundida no mundo, foi fundada
em Tóquio, no ano de 1939, pelo mestre Gichin Funakoshi. É patrocinada pelo
Ministério de Ciência, Educação e Cultura do Japão, desde a sua origem.
O professor Hélio Simões é
inscrito no Conselho Regional de Educação Física (002958 P/PE), filiado à
Federação do Estado de Pernambuco de Karate-dô Tradicional (entidade oficial
fundada em 11/05/1989), pertencente à Confederação Brasileira de Karate-dô
Tradicional, e filiado à Federação de Karatê de Pernambuco (entidade
pertencente à CKIB).
Praticante desta arte marcial,
desde agosto de 1964, o professor Hélio Simões leciona, há mais de três
décadas, e vem, ao longo destes anos, formando instrutores e atletas de alto
nível, através dos cursos e aulas que ministra, obtendo relevante destaque em
todas as competições de que participam.
O significado da palavra
Karatê:
A definição literal da palavra
Karatê é mão vazia.
Kara = vazia;
Te = mão.
Apesar de literalmente a
palavra Karatê ter o significado acima exposto, gostaria de deixar bem claro
que a sua prática vai bem mais além do que isso. Não se trata apenas de um
método de luta com as mãos desarmadas, com o único objetivo de derrotar um ou
mais adversários, mas, de um sistema de técnicas de luta muitíssimo complexo,
que modela rica e harmonicamente a estrutura do caráter dos seus adeptos.
O significado atual do Karatê
deve-se ao mestre Gichin Funakoshi (1868-1975), que mudando o sentido original
do nome, introduziu a palavra Kara, significando vazio, céu, universo e Te,
significando mão. Em seguida acrescentou o Do, com o sentido de caminho.
Segundo o mestre Masatoshi
Nakayama o Karatê é o seguinte:
“O Karatê é uma arte de defesa
pessoal praticada de mãos vazias; nele, os braços e pernas são treinados
sistematicamente, e um inimigo que ataque de surpresa pode ser controlado por
uma demonstração de força extraordinária”.
O objetivo principal do Karatê
não é decidir quem é o vencedor e quem é o vencido. O Karatê é uma arte marcial
para o desenvolvimento do caráter por meio do treinamento, para que o karateca
possa superar quaisquer obstáculos, palpáveis ou não.
A prática do Karatê faz com que
a pessoa domine todos os movimentos do corpo, como flexões, saltos e balanços,
aprendendo a movimentar os membros e o corpo para trás e para frente, para
esquerda e para direita, para cima e para baixo, de um modo livre e uniforme.
As técnicas do Karatê são bem
controladas de acordo com a força de vontade do karateca e são dirigidas para o
alvo de maneira precisa e espontânea.
A essência das técnicas do Karatê
é o kime. O propósito do kime é fazer um ataque explosivo ao alvo usando a
técnica apropriada e o máximo de força no menor tempo possível. (Antigamente,
usava-se a expressão ikken hissatsu, que significa “matar com um só golpe”, mas
concluir daí que matar seja o objetivo dessa técnica é tão perigoso quanto
incorreto. É preciso lembrar que o karateca de outrora podia praticar o kime
diariamente e com seriedade absoluta usando o makiwara).
O kime pode ser realizado por
golpes, socos e chutes, e também por bloqueios. Uma técnica sem kime jamais
pode ser considerada como técnica de Karatê, por maior que seja a semelhança. E
isto deve ocorrer também nas competições; entretanto, é contra as regras
estabelecer contato, por causa do perigo envolvido.
Sun-dome significa interromper
a técnica imediatamente antes de estabelecer contato com o alvo (um Sun
equivale a cerca de três centímetros). Mas excluir o kime de uma técnica
descaracteriza o verdadeiro Karatê, de modo que o problema é como conciliar a
contradição entre o kime e sun-dome. A solução é esta: determine o alvo
ligeiramente à frente do ponto vital do adversário. Ele poderá ser atingido de
maneira controlada com o máximo de força, sem que haja contato.
O treino transforma as várias
partes do corpo em armas que podem ser usadas de modo livre e eficaz. A
qualidade necessária para conseguir isso é o autocontrole. Para tornar-se
vencedor, o karateca precisa antes vencer a si mesmo.
É lamentável que o Karatê seja
praticado apenas como técnicas de luta. As técnicas básicas foram desenvolvidas
e aperfeiçoadas através de longos anos de pesquisas e prática; mas, para se
fazer um uso eficaz dessas técnicas, é preciso reconhecer o aspecto espiritual
dessa arte de defesa pessoal e dar-lhe a devida importância. É gratificante
constatar que existem aqueles que entendem isso, que sabem que o Karatê é uma
genuína arte marcial do Oriente, e que treinam com a atitude apropriada.
Ser capaz de infligir danos
devastadores no adversário com um soco ou com um único chute tem sido, de fato,
o objetivo dessa antiga arte marcial okinawana. Porém, mesmo os praticantes de
antigamente colocavam mais ênfase no aspecto espiritual da arte do que nas
técnicas. Treinar significa treinar o corpo e a mente como um todo e, acima de
tudo, a pessoa deve tratar o adversário com a cortesia e a devida etiqueta
(amabilidade e respeito). Não basta lutar com toda a força; o objetivo do
Karatê é lutar em nome da justiça.
Gichin Funakoshi, grande mestre
e fundador da escola Shotokan, observou repetidas vezes que o propósito maior
da prática dessa arte é o cultivo de um espírito sublime, de um espírito de
humildade. E, ao mesmo tempo, é desenvolver uma força capaz de destruir um
animal selvagem enfurecido com um único golpe. Só é possível tornar-se um verdadeiro
adepto do Karatê quando se atinge a perfeição nesses dois aspectos: o
espiritual e o físico.
O Karatê como defesa pessoal e
como meio de melhorar e manter a saúde existe há muito tempo. Nos últimos
trinta anos, uma nova atividade ligada a essa arte marcial está sendo cultivada
com êxito: o Karatê como esporte.
No Karatê como esporte as
competições são realizadas com o objetivo de avaliar a habilidade dos
participantes. É preciso salientar isso, pois também aqui há motivos para
lastimar. Há nas competições a tendência de enfatizar demasiadamente a vitória,
negligenciando a prática de técnicas fundamentais e com a preferência por
praticar o jiyu-kumite sempre que possível.
A ênfase no fato de vencer as
competições não pode deixar de alterar as técnicas fundamentais que a pessoa
usa e a prática na qual ela se envolve. E, como se isso não bastasse, o
resultado será a incapacidade de executar uma técnica poderosa e eficaz, que é,
afinal, a característica peculiar do Karatê. Quem começar a praticar prematuramente
o jiyu-kumite – sem ter praticado suficientemente as técnicas fundamentais –
logo será surpreendido por um oponente que tiver treinado essas técnicas
durante muito tempo e com diligência. Em termos simples, confirmar-se-á o velho
ditado que diz que a pressa é inimiga da perfeição. Não há outro modo de
aprender senão praticando as técnicas e os movimentos básicos, passo a passo,
estágio por estágio.
Se for para realizar
competições de Karatê, que elas sejam organizadas em condições corretas e no
espírito adequado. O desejo de vencer uma disputa é contraproducente, uma vez
que leva a uma falta de seriedade no aprendizado das regras básicas. Além
disso, ter como objetivo uma exibição selvagem de força e vigor num torneio é
algo totalmente indesejável. Quando isso acontece, a cortesia ao adversário é
esquecida, e esta é de importância fundamental em qualquer modalidade de
Karatê. Creio que essa questão merece muita reflexão e cuidado, tanto da parte
dos instrutores como da parte dos estudantes.
Parabéns sensei !
ResponderExcluiross
gostaria de treinar com vc
Parabéns professor Helio.
ResponderExcluirPessoas como você mudam uma sociedade.
Excelente texto.
ResponderExcluirUm professor que tem muita experiência a nos ensinar. Obrigado por me aceitar como seu aluno. Oss!
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