quarta-feira, 8 de julho de 2009

Visão pedagógica - Por Hélio Simões

A prática do Karatê como um todo se trata de um instrumento muito importante no processo de inclusão social e é uma ferramenta segura para a edificação da personalidade e poderosos elos, capaz de criar relações harmônicas entre pessoas de todas as culturas. Percebemos que no momento de uma competição, a formação intelectual é algo de grande valor. Entretanto, os fatores mais relevantes para os atletas são o nível técnico, o condicionamento físico e o controle emocional.
Os frutos das nossas experiências, na área de educação através das sendas do Karatê, nos levam a convicção de que a disciplina inerente a essa secular arte marcial japonesa, não só ajuda na formação de um caráter rico em valores morais, éticos e espirituais de crianças e adolescentes, mas são capazes de lapidar significativamente também os adultos, independentemente da idade.
Trabalhamos, ao longo dessas três décadas, com públicos de todas as classes sociais. Com menores infratores de extinta FUNABEM do Estado do Ceará, aos alunos do Colégio Marista do Recife, onde lecionamos por dez anos e constatamos que é possível unir pessoas de todas as origens nos dojos (salas de aulas) e nos kotos (áreas de competições) levando divertimento, crescimento, e, sobretudo, construindo amizades e fortalecendo os círculos familiares.
Nosso foco principal é desenvolver os seguintes itens:
a) O respeito pelo próximo;
b) A auto-estima;
c) O espírito de luta e um novo conceito de vencedor baseado na fé, no aprendizado e na amizade, que nos permite ser felizes com o nosso sucesso e com o sucesso dos adversários (entendendo que todo o próximo é também nosso irmão).
Nossas aulas são planejadas de forma que conseguimos trabalhar tranqüilamente com iniciantes e iniciados, formando uma equipe heterogênea tecnicamente, mas coesa no que se refere ao crescimento do grupo.
Trabalhamos especialmente a expressão corporal, vendo-a como a matriz da comunicação e, portanto o corpo como um importante veículo para a exteriorização dos nossos pensamentos mais profundos e como ponte indispensável na conquista da nossa segurança e liberdade.
Para finalizar a apresentação da nossa proposta enquanto educador ressaltamos que além da conotação educacional que permeia as diretrizes do verdadeiro Karate-dô, focamos a questão da saúde (física e emocional), da qualidade de vida e da inclusão social já enfatizada no primeiro parágrafo. É notório que a prática desta modalidade de luta possui várias engrenagens que trabalham naturalmente a questão emocional, e diante das constantes pressões impostas pelas mudanças rápidas e conflitantes que assolam a população em geral, o valor que se dava ao Q. I. (quociente intelectual) hoje foi sabiamente substituído pelo Q. E. (quociente emocional); visto que quando um homem é submetido a uma situação de conflito, o fator imediatamente importante é o equilíbrio emocional, responsável pelo funcionamento efetivo dos recursos intelectuais disponíveis. Somem-se a isto os valores morais e éticos que estão inseparavelmente ligados às filosofias das artes marciais japonesas.

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